Existe um dogma académico que consiste na hipótese de os mercados financeiros serem eficazes, pressupondo que o mesmo não pode ser vencido uma vez que incorpora toda a informação que determina os preços correntes das ações – esta teoria é chamada de efficient market hypothesis (EMH). Isto significa que as ações negoceiam sempre ao seu valor justo (fair value), o que significa que não podem ser compradas subvalorizadas ou vendidas sobrevalorizadas. A teoria determina que a única oportunidade que os investidores têm para obter retornos mais elevados sobre os seus investimentos é através de investimentos puramente especulativos que representam um risco substancial.

Há, no entanto, anomalias que a teoria não consegue explicar e que podem mesmo contradizê-la. Por exemplo, o rácio de price-to-earnings ratio (P/E) mostra que as empresas que negoceiam com múltiplos de P/E mais baixos são frequentemente aqueles que geram rendimentos mais elevados. Também, os efeitos sazonais como o sell in may and go away (situação em que investidores vendem as suas ações em maio e esperam por reinvesti-las em novembro) ou o january effect (aumento sazonal dos preços das ações durante o mês de janeiro) tornam previsível uma possível negociação geradora de lucro.

A controversa teoria deu origem a uma nova área de estudo que argumenta que, ao tomar decisões de investimento, as pessoas não são tão racionais como a teoria da efficient market hypothesis (EMH) demonstra. Assim nasceram as finanças comportamentais (behaviourial finance) que contestava esta noção, salientando que os investidores nem sempre eram racionais e que as suas ações nem sempre negociavam ao seu justo valor durante bolhas e crises financeiras. Os economistas neste campo tentam explicar as anomalias de mercado através de teorias baseadas em psicologia.

No entanto, há quem considere também que os mercados nem sempre são eficientes, nem sempre irracionais, mas sim que se adaptam. A adaptive market hypothesis (AMH) considera que a racionalidade e irracionalidade coexistem, aplicando princípios de comportamento humano às interações financeiras. Aqui as pessoas são principalmente racionais, mas às vezes podem rapidamente tornar-se irracionais em resposta à volatilidade do mercado, abrindo então oportunidades de investimento.

Situação atual do mercado

É preciso desmistificar a premissa de que os índices acionistas têm de ser um espelho do ciclo económico. Existem várias razões para podermos assumir que isso não tem sempre de acontecer e talvez agora seja um desses casos.

A exposição internacional a que o S&P 500 está sujeito leva-nos a querer que não devemos necessariamente esperar que o índice seja um barómetro da economia dos EUA. Apesar de serem empresas sediadas e cotadas nos Estados Unidos, grande parte tem negócios internacionais com vendas globais. Apesar dos EUA estarem a sofrer um impacto económico pior do que alguns outros países, o S&P 500 está apenas parcialmente focado nos EUA, uma vez que uma parte significativa dos lucros vem do exterior para muitas empresas. O S&P 500 é agora mais uma avaliação da economia global do que os EUA.

A bolsa também tende a incorporar no presente as expectativas relativamente ao futuro e assim incluir as previsões futuras dos resultados financeiros das empresas. Como consequência, o mercado tem a capacidade de reagir em alta antes das más notícias acabarem. Por exemplo, na recessão anterior, o S&P 500 começou a recuperar em março de 2009, mas a recessão só terminou oficialmente em junho desse ano.

A contribuir para este facto parece estar algum otimismo de que a resposta do governo norte-americano e as ações da Fed, reduzirão o impacto económico e sustentarão as avaliações dos preços dos ativos. Claro que isso não quer dizer que o mercado esteja necessariamente correto nesse sentido, uma vez que esta previsão pode estar certa ou errada, mas é justo dizer que o mercado tem uma visão otimista sobre o que se passará com a economia.

Apesar de ser compreensivelmente tentador afirmar que a EMH não se aplica aos mercados que hoje observamos, existem explicações para o atual comportamento dos principais índices acionistas americanos. Certamente que a irracionalidade chegou quando a volatilidade atingiu o mercado e também àqueles que esperavam uma eterna queda dos índices de forma a ser um espelho dos maus indicadores que saíam para economia americana.

Perante as perdas dos índices acionistas, alguns investidores venderam o que tinham e por uns tempos não se irão querer lembrar dos mercados, enquanto outros tiveram a capacidade de se adaptar e até poderão ter gerado lucros. Nos dias de hoje, arriscaria que a adaptive market hypothesis (AMH) pode ser a teoria que gere maior consenso.
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